segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

(...) Mas essas coisas que escrevo tomada por paixões medianas, elas passarão. E uma maré generosa me encherá os olhos, lavando o rastro de silêncios e dosagens e nãos.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

- Às vezes, ir embora é a única forma de continuar a existir.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Eu queria um coração menos cheio de tanto desejo.
Dois vestidos, unha pintada de rosa,
vontade de amor e só.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A escrita é como a agonia da cócega:
um gozo incômodo
de espasmos violentos
que não sei se me agridem
ou libertam.

sábado, 4 de outubro de 2014

The road

Fome de mundo devorando a fome de amor.

sábado, 20 de setembro de 2014

Relatos de artista (1)

Comecei esse caderno de desenhos intitulado Abortos. Um pequeno formato de páginas amareladas destinado a rabiscos rápidos, distraídos, inacabados. Duas semanas de uso e a única forma com a qual me deparo é a do desenho da palavra: fragmentos de dias, descrições de pessoas, ideias para poemas, uma transcrição de um jogo de búzios e, na última página, a descrição imaginária de uma casa em Medelín, Colômbia. 
Fico pensando que essa anotação exaustiva das coisas seja apenas exercício de uma escrita ansiosa e ainda mal articulada. Tem um caráter provisório, pois, ao passo que o que realmente quero é escrever sobre a pausa e sobre o que as situações têm de velado, a descrição do corriqueiro me parece uma atitude de armazenamento de contemplações a serem devidamente esmiuçadas. Mas elas nunca são. Permanecem apenas fragmentos nos diversos cadernos que eu coleciono sem quase nunca reler.


(com o perdão da má qualidade da foto)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Like an old lady

Eu sou o amor em seu estado terminal. Todos os dias, em todos os começos. É por isso que o fim me alcança tão cedo. Por isso é que desconheço qualquer coisa duradoura.
Eu não vou ser a mãe dos filhos que criei mentalmente.

domingo, 14 de setembro de 2014

Sobre H.: sua dicção

Tinha uma fala suave, tão bonita. A língua sempre bem molhada tocava os dentes com delicadeza e apetite ao mesmo tempo. Falava devagar, as partes entre risos sussurradas. Todos os tês, pês, dês, tão lubrificados, tinham aparência de fruta. Os éles faziam sininhos com a saliva.
Ouvi-lo falar era me alimentar. De um doce. De um suco.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sobreviver a mim mesma é tão mais absurdo que a sobrevivência às perdas que me agarro a elas como que pra distrair-me do estorvo de ser. 




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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Anotações (1)